top of page

19ª edição da Conferência Internacional da APCC

Secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços diz que é preciso chamar para o interior investimento direto estrangeiro



A Secretária de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Rita Marques, considerou que “hoje é muito mais fácil vender Portugal como local interessante para o desenvolvimento de negócios principalmente na área dos Call Centers e tudo o que está associado aos serviços de negócios, mas falta-nos um pouco para estarmos na “Champions League”, falta-nos uma agenda para a competitividade”. Esta análise foi feita durante a sessão de encerramento da 19ª edição da Conferência Internacional da Associação Portuguesa de Contact Centers (APCC) que decorreu no passado dia 17 de maio no Centro de Congressos do Estoril, subordinada ao tema: “Contact Centers Portugal: People Are Our Core To Success!”.


“Temos naturalmente o capital humano, temos o nosso talento, as valências linguísticas, temos as infraestruturas, mas temos de identificar que “gaps” ainda precisamos de endereçar para podermos reclamar a liderança na angariação de investimento direto estrangeiro e por arrasto na prestação de serviços de excelência”, salientou Rita Marques. No seu discurso, a Secretária de Estado lembrou ainda que há uma disparidade entre o litoral e o interior. “Há uma litoralização muito grande da nossa economia, temos de providenciar uma maior dispersão da atividade económica, chamando para o nosso interior, quiçá investimento direto estrangeiro que ajude também a mobilizar mais recursos para este sector de atividade”.


Um dos pontos altos da conferência foi a apresentação de Paulo Portas que fez uma análise da evolução económica portuguesa no quadro Internacional e do impacto do PRR. Considerando o cenário económico atual e o conflito que se vive na Europa, Paulo Portas apontou para uma Alemanha em mudança e a deslocação gradual do eixo de gravidade da Europa para Leste.


É exemplo disso, a Polónia “não só porque recebeu 3,6 milhões de ucranianos, mas porque é o eixo de gravidade das tensões geoestratégicas e é um país muito grande”. Para Portugal deixou o alerta: “Nós Portugueses podemos beneficiar da distância como alguns dizem, sem ilusões quanto à interdependência, a interdependência é muito grande, como se viu com a inflação, nós estávamos muito felizes porque a inflação era mais baixa do que a europeia e no mês passado chegámos à europeia”.



Em relação ao PRR, o jurista e político disse mesmo que “temos de aproveitá-lo o melhor que pudermos, porque é uma oportunidade única. Não é um tesouro Europeu, mas é uma oportunidade única e fazê-lo chegar, pelo menos, tanto à sociedade como ao Estado”. Sublinhou ainda a importância do investimento na digitalização e o papel do Estado: “Acho que a sociedade sabe muito bem o que fazer a fundos para a digitalização. Quanto ao Estado, eu gostava que me respondessem só a uma pergunta. Quantos processos de simplificação eu vou ter na minha relação com o Estado, com a digitalização da administração pública? Sobre isso não ouvi até hoje uma resposta. Quando demora um processo de divórcio hoje em dia? Quanto passará a demorar?”, questionou. Sobre esta matéria, Paulo Portas reforçou que: “Uma coisa é um upgrade informático daqui a 3 anos, a outra coisa é uma digitalização.


A digitalização significa tratar o cidadão como cliente, poupar tempo, poupar burocracia, poupar processos e provavelmente também poupar recursos…é simplificação. E eu ainda não consegui ouvir a resposta, que o sector privado me daria com simplicidade, que é, como é que eu vou usar isto no sentido da simplificação”.


Carlos Moreira (CEO, Webhelp) trouxe o tema do nearshoring. Disse que, na última década, Portugal é um dos melhores destinos de nearshoring a nível mundial. Os números falam por si, mais de 100 empresas com mais de 200 Business Service Centers, que empregam entre 49.000 e mais de 60.000 colaboradores. Sendo que 64% dessas operações são próprias e 30% foram criadas nos últimos quatro anos.


Adiantou ainda que 80% são de suporte aos mercados europeus. Abordou ainda os fatores da competitividade portuguesa, como os custos serem 15% mais baixos comparativamente a Espanha, e 30% a 40% mais baixo que no norte da Europa (França, Alemanha, Reino Unido). Ou o facto de Portugal ser um país com investimento e crescimento na área tecnológica e com uma criação de Startups 13% acima da média europeia.